sábado, 27 de dezembro de 2014

Hórus - céu

O DEUS que recebia o nome de Harsiese era encarado específicamente como o filho da deusa Ísis. Sua designação na língua egípcia era Horu-sa-Aset, que significa exatamente Hórus, Filho de Ísis. Às vezes também era denominado Hórus, o Jovem, para distingui-lo deHórus, o Antigo.
HARSIESE ERA O ADULTO no qual se transformara a criança que havia sido dada à luz por Ísis após a morte de Osíris. Como um herdeiro real que chega para reclamar a usurpação do trono, ele vingou a morte de seu pai derrotando o deus Seth e tornou-se o deus da ordem e da justiça, em contraposição ao seu oponente que representava o caos. Assim sendo, todo faraó era uma encarnação dessa divindade, o Hórus na terra, o soberano do Alto e do Baixo Egito. Essa divindade era representada na forma de um homem com cabeça de falcão, usando a coroa dupla do faraó, como vemos na figura acima. Ela mostra uma parede do segundo pilone do templo de Isis na Ilha de Philae, na qual aparecem as típicas imagens dos deuses Ísis e Hórus.
QUANDO ESSA DIVINDADE NASCEU, sua mãe invocou sobre ela a ajuda de todos os deuses, ensinou-lhe a magia e o respeito à memória do pai. Hórus cresceu e, diziam os egípcios, como o Sol nascente, seu olho direito era o Sol, o esquerdo a Lua e ele próprio era um grande falcão que cortava os céus. Na passagem 148 do Texto dos Sarcófagos, ele mesmo se apresenta para uma plêiade de deuses:
Sou Hórus, o grande Falcão sobre os muros daquele cujo nome é oculto. Meu vôo atingiu o horizonte. Passei pelos deuses de Nut. Fui mais longe que os deuses de antanho. Mesmo o pássaro mais velho não poderia igualar o meu primeiro vôo. Removi meu lugar para além dos poderes de Seth, o adversário de meu pai Osíris. Nenhum outro deus poderia fazer o que fiz. Trouxe os caminhos da eternidade para o crepúsculo da manhã. Sou único em meu vôo. Minha fúria está voltada contra o inimigo de meu pai Osíris e colocá-lo-ei sob meus pés sob meu nome de "Manto Vermelho". Nesse ponto alguns dos deuses devem ter protestado e Hórus rebate: O hálito chamejante de vossas bocas não me causará mal. O que poderíeis dizer contra mim não me afetaria, pois sou o Hórus, cujo domínio se estende muito além de deuses ou homens, e também sou Hórus, filho de Ísis.
QUANDO O DEUS FICOU ADULTO, Osíris voltou à terra para fazer dele um soldado. Hórus reuniu os seguidores fiéis de seu pai e partiu em busca de Seth para vingar a morte de Osíris. A ferrenha batalha durou três dias e três noites; — resume o escritor italiano Federico Mella — Seth e os seus fiéis transformaram-se nos mais terríveis e estranhos animais para fugir á derrota. Hórus mutilou Seth, mas este se transformou num grande porco preto e devorou o olho esquerdo de Hórus. Assim a Lua parou de iluminar e a humanidade ficou atônita. No fim, Seth estava prestes a sucumbir, quando Ísis interveio suplicando ao filho que desse fim ao massacre, pois afinal Seth era seu irmão e marido de sua irmã predileta, Néftis. Num ímpeto de ódio, Hórus decepou a cabeça da mãe. Thoth curou-a logo, colocando em lugar da sua, uma cabeça de vaca. A batalha recomeçou e durou indefinidamente, sem vencedores e sem vencidos. Thoth, o qual curou Seth, intrometeu-se autoritariamente, mas impôs-lhe que restituísse o olho de Hórus. Então a Lua voltou a brilhar. Vieram então os deuses e levaram a questão ao julgamento de um Tribunal Divino. Foi um processo que durou 80 anos. Seth acusou Hórus de não ser filho de Osíris, tendo nascido depois da morte do citado pai. Hórus refutou da acusação, tachando Seth de má fé; enfim, o Divino Tribunal sentenciou que Hórus ficaria com o reino do Baixo Egito e Seth com o do Alto Egito. Segundo Maneton, historiador que escreveu no século III a.C., tudo isso teria ocorrido 13.500 anos antes do primeiro faraó da primeira dinastia egípcia.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Hathor - amor, alegria, dança, vinho, festas



Hathor - amor, alegria, dança, vinho, festas 
  • UMA VACA QUE usava um disco solar e duas plumas entre os chifres representava Hátor, deusa do céu, do amor, das mulheres e da beleza feminina e até mesmo de todos os produtos de beleza. Nutriz do deusHórus e do faraó; padroeira da alegria e das festas ruidosas, da dança, da música, do vinho, da embriaguez e da felicidade, mas também das necrópoles, era, ainda, padroeira dos paises estrangeiros. Seu centro de culto era a cidade de Dendera, e por isso ela era conhecida como senhora de Dendera, mas havia templos dessa divindade por toda parte. Naquela cidade, todos os anos, no 1.º mês da inundação, denominado thuthi, em seu 20.º dia, correspondente ao 7 de agosto do nosso calendário, era celebrada, em homenagem à deusa, a festa popular da "embriaguez". Hátor também era representada por uma mulher usando na cabeça o disco solar entre chifres de vaca; uma mulher com orelhas de vaca; uma mulher com cabeça de vaca e, ainda, podia ser venerada como serpente ou como sistro. Nessa cabeceira de cama totalmente dourada que vemos acima, encontrada no túmulo de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.), a deusa é representada por uma vaca com chifres em forma de lira com o disco solar entre eles.

HÁTOR — A DOURADA — É UMA DAS MAIS ANTIGAS deusas do país, que começou a existir no começo dos tempos, e uma espécie de deusa-mãe. Conhecida como a face do céu, a profundeza, a dama que vive num bosque no fim do mundo, era uma divindade de muitas funções eHÁTOR NA FORMA DE UMA MULHER> atributos, misturados e até desconexos uns dos outros em razão da antiguidade de sua existência. A maternidade e o dom do aleitamento eram suas propriedades principais desde os primórdios e assim permaneceram ao longo dos tempos. Entretanto, em Tebas é chamada de rainha do ocidente e estava associada ao mundo dos mortos. Em Mênfis ela é conhecida pela designação de senhora do sicômoro, protegendo com sua sombra os mortos nos desertos do além, e em outras localidades ela é também a senhora das turquesas e a padroeira dos mineiros e, ainda, senhora dos países longínquos e protetora dos viajantes, entre outros epítetos.
  • SEU NOME, HAT-HOR EM EGÍPCIO, significa a Morada de Hórus, o que a liga ao falcão que plana nos céus e que é um filho da divindade encarnado na terra pelo faraó. O nome deriva do fato de que se imaginava que Hórus, o deus-Sol, vinha descansar em todo o entardecer no peito da deusa, antes de nascer novamente no amanhecer. Por outro lado, o firmamento era imaginado pelos egípcios como uma grande inundação e esta era venerada em muitos lugares como uma vaca, cujo ventre salpicado de estrelas formava o céu. Nesse sentido Hátor tem a aparência da Vaca Celeste, grande divindade cósmica que gerou o universo e tudo que ele contém e que atravessa o firmamento em uma barca e põe no mundo o Sol entre seus chifres.
    EM OUTRAS CONCEPÇÕES ESSA DEUSA VACA sai de uma moita de papiro e acolhe o morto em seu seio para fazê-lo renascer como o Sol a cada amanhecer. Como deusa da morte— diz Kurt Lange — toma os bem-aventurados sob sua proteção: sua forma é a de uma novilha, doce e maternal. A novilha celeste, a deusa Hátor e o fiel cão de guarda Anúbis, lembram sem dúvida as crenças duma população componesa cujas idéias e cujos trabalhos se associavam intimamente aos animais da fazenda e da casa.
    TODAS ESSAS IDÉIAS RELIGIOSAS aparecem nos Textos das Pirâmides, nos quais o rei morto afirma sua esperança de reunir-se com a Senhora de Dendera nas zonas celestiais. Estando próxima do Sol, a deusa se transforma em sua filha, recebendo por vezes o nome deOlho de Rá, e foi ela que, tomada de fúria, quase dizimou a humanidade sob os traços da deusaSekhmet. Depois de apaziguada é atraída por bebidas e iguarias, pela música e pela dança. Então, convenientemente, torna-se a deusa do amor e da alegria, bela de aparência, doce no amor.
    SISTRO

    UM ROSTO FEMININO dotado de orelhas de vaca forma um objeto de culto e orna freqüentemente as colunas dos templos desta divindade. Essa coluna hatórica aparece, também com frequência, como amuleto. Aliás, os animais ditos sagrados eram temas de preferência dos artífices egípcios. Os móveis, domésticos ou tumulares, eram decorados com figuras de animais. A vaca, o animal de Hátor, não era exceção, como vimos na guarda da cama do túmulo de Tutankhamon.

    HÁTOR: MULHER COM CABEÇA DE VACANO TEMPLO DA CIDADE DE Dendera, dedicado a Hátor, as colunas das duas salas hipóstilas têm capitéis em forma de sistro, que era o símbolo da função protetora da deusa e o instrumento musical sagrado da divindade, do qual se vê um exemplar na foto acima. No centro de uma das paredes exteriores, que era dourada, havia também um relevo representando um sistro, demonstrando a importância deste instrumento no culto da deusa, enquanto o dourado evocava outro epíteto de Hátor: o ouro dos deuses.
    NA PEQUENA ESTATUETA que se vê ao lado, Hátor é mostrada na mesma posição da deusa Ísis, ou seja, sentada em um trono e aleitando a criança divina, já que ambas as deusas tinham uma função comum que era a de ser mãe do herdeiro divino, de tal forma que a mãe do faraó era associada a essa deusa-vaca e o rei às vezes recebia o epíteto deTouro de sua Mãe. Ísis estava vinculada ao papel da mãe em seus aspectos sociais, ao passo que Hátor encarnava as facetas eróticas e biológicas da maternidade. Ela também foi assimilada a outras deusas, como Mut e Nut. Essa pequena peça de cerâmica egípcia, que pertence ao acervo do Museu do Louvre, mede 7 cm de altura, era usada, provavelmente, como amuleto e sabemos que é datada do Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.), embora sua proveniência seja desconhecida. Em seu pilar dorsal lê-se: Hátor Senhora do Céu, Soberana das Duas Terras.
    NA NECRÓPOLE DA CIDADE DE DENDERA foram encontradas catacumbas com abóbadas de tijolo contendo sepulturas de animais, sobretudo aves e cães. Também foram encontradas sepulturas de vacas em vários locais deste cemitério.

Bastet - fertilidade, protetora das mulheres grávidas




Bastet - fertilidade, protetora das mulheres grávidas 
  • UMA GATA OU UMA MULHER com cabeça de gata simbolizava a deusa Bastet e representava os poderes benéficos do Sol. Seu centro de culto era Bubastis, cujo nome em egípcio — Per-Bastet — significa Casa de Bastet. Em seu templo naquela cidade a deusa-gata era adorada desde o Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) e suas efígies eram bastante numerosas, existindo, hoje, muitos exemplares delas espalhadas pelo mundo. Essa divindade também estava associada à Lua e protegia os partos e as mulheres grávidas de doenças e dos maus espíritos. Tornou-se ainda padroeira dos festivais, muito populares até a época romana, nos quais as bebedeiras eram comuns. 


    Ao lado, estatueta de bronze da deusa gata Bastet.
    Museu Britânico.

    O NOME QUE OS EGÍPCIOS DAVAM ao gato era myw, que correspondia ao som que o bicho emite, ou seja, o nosso conhecido miau, palavra onomatopaica que passou para outros idiomas, inclusive o português, indicando o miado daquele animal. O gato, aliás, era um dos bichos mais estimados no Egito. Bastet era uma divindade bastante antiga, já citada nas primeiras dinastias, quando então era identificada com os gatos selvagens que povoavam o país. Foi a partir do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) que ela começou a ser associada com o gato doméstico. Seu nome significa "deusa do bas", palavra que identifica um jarro de unguento para cerimônias funerárias. Símbolo do amor materno, da fecundidade e da doçura, protegia os lares e a partir da IV dinastia (c. 2575 a.C.) aparece como mãe do faraó, a quem ajuda. Sendo os soberanos da XII dinastia (1991 a 1783 a.C.) oriundos de Bubastis, tornaram a deusa de sua cidade natal uma divindade de cunho nacional. Dessa época em diante foi considerada filha de  e os poderes benéficos do Sol lhe foram incorporados.
    DURANTE O TERCEIRO PERÍODO Intermediário (c. 1070 a 712 a.C) começaram a ser construídas necrópoles para abrigar múmias de gatos. Esses animais eram criados no templo de Bubastis com o objetivo de serem sacrificados à deusa e mumificados. Devotos da divindade adquiriam tais múmias que eram envoltas em tecido, colocadas em sarcófagos feitos sob medida e enterradas como oferendas à Bastet em túmulos subterrâneos cobertos com uma abóbada. Quando os reis líbios da XXII dinastia (c. 945 a 712 a.C.) fizeram de Bubastis sua capital, por volta de 944 a.C., o culto da deusa tornou-se particularmente desenvolvido.
    A PARTIR DA XXVI DINASTIA (664 a 525 a.C.), agora já no chamado Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.), tornou-se comum os adeptos da deusa lhe oferecerem, em seus templos, ex-votos na forma de estatuetas que representavam a divindade sob a forma de gato. Feitas geralmente de bronze, mas também de outros materiais, as esculturas costumavam trazer no pescoço um colar ou o olho Uedjat e brincos de ouro nas orelhas. Ao ser representada na forma humana podia trazer nas mãos um cetro, uma planta de papiro, um sistro, instrumento musical que tocava nas festividades, etc. No braço podia carregar um cesto que, às vezes, aparece cheio de gatos.
    DIZIA A LENDA que a deusa-leoa Sekhmet, após ter dizimado parte da humanidade, fora apaziguada e se transformara numa gata mansa. A terrível bebedora de sangue se trasformara em Bastet, bebedora de leite. Em Bubastis, cidade situada na região central do delta nilótico e principal centro de culto dessa deusa, as festas em sua homenagem eram muito concorridas. O historiador Heródoto (aprox. 480-425 a. C.), falando de tais festas no seu tempo, escreveu:
    Os egípcios celebram todos os anos grande número de festas. A mais importante e cujo cerimonial é observado com maior zelo é a que se realiza em Bubastis. A vida em Bubastis por ocasião das festividades transforma-se por completo. Tudo é alegria, bulício e confusão. Nos barcos engalanados singrando o rio em todas as direções, homens, mulheres e crianças, munidos, em sua maioria, de instrumentos musicais, predominantemente a flauta, enchem o ar de vibrações sonoras, do ruído de palmas, de cantos, de vozes, de ditos humorísticos e, às vezes, injuriosos, e de exclamações sem conta. Das outras localidades ribeirinhas afluem constantemente novos barcos igualmente enfeitados e igualmente pejados de pessoas de todas as classes e de todos os tipos, ansiosas por tomar parte nos folguedos, homenagear a deusa e imolar em sua honra grande número de vítimas que trazem consigo e previamente escolhidas. Enquanto dura a festa, não cessam as expansões de alegria, as danças e as libações. No curto período das festividades consome-se mais vinho do que em todo o resto do ano, pois para ali se dirigem, segundo afirmam os habitantes, cerca de setecentas mil pessoas de ambos os sexos, sem contar as crianças.
    Acima, estatueta de bronze de Bastet da época romana. Museu Britânico.
    NO EGITO os arqueólogos encontraram cemitérios inteiros de animais sagrados mumificados. Essa prática cresceu de importância no período mais recente da história do Egito antigo, sob o domínio dos Ptolomeus. Por isso, não deve ser considerada típica da vida religiosa do Egito em seu auge.
    OS CEMITÉRIOS de animais estavam situados nas proximidades de seus respectivos centros de culto. Assim, os gatos, que representavam essa deusa Bastet da alegria e do amor, eram mumificados e enterrados em Bubastis.
    A MUMIFICAÇÃO DE ANIMAIS e pássaros, em verdade, era muito grosseira e o corpo era freqüentemente reduzido a um esqueleto antes de ser envolto em bandagens. Tais bandagens, porém, eram aplicadas com grande habilidade e todos os esforços eram envidados para produzir uma múmia convincente na aparência. Essa múmia de gato, do Período Tardio, por exemplo, está cuidadosamente envolta por numerosas tiras de linho.



    EMBORA A MAIOR PARTE dos animais mumificados sejam dos
     últimos períodos da história egípcia, a prática de venerar certos animais em particular existiu já nos períodos mais antigos. Muito antes do culto aos animais sagrados do Período Tardio, o príncipe Tutmósis, irmão mais velho de Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.), mandou mumificar e enterrar sua gata preferida com o título de Osíris Tamit justificado. Seguindo o modelo dos sarcófagos do Império Antigo, o caixão de pedra imita uma capela: as paredes laterais são mais elevadas. Os textos inscritos no sarcófago pedem a proteção à deusa Nut e aos quatro filhos de Hórus, enquanto que a gata aparece com um colar diante de uma mesa de oferendas. Nas faces menores, Ísis e Néftis encontram-se ajoelhadas em sinal de amparo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Anúbis - os mortos e o submundo


Anúbis - os mortos e o submundo 

  • De acordo com a antiga religião do EgitoAnúbis era o deus dos mortos, da mumificação e do submundo. Guardião dos túmulos e juiz dos mortos, ele era representado com o corpo de homem e a cabeça de um chacal, sendo considerado ainda a primeira múmia do Egito Antigo. A origem de seu nome parece ser uma derivação de “inep”, que significa “purificar”, ou “apodrecer”. De fato, na língua egípcia antiga, seu nome era “Anpu” ou “inpu”, e Anúbis nada mais é que a versão do nome convertida para a língua grega.

Deus egípcio Anúbis, retratado em parede do templo Abydos, Egito. Foto: BasPhoto / Shutterstock.com
Deus egípcio Anúbis, retratado em parede do templo Abydos, Egito. Foto: BasPhoto / Shutterstock.com
  • A ideia de mostrá-lo com a cabeça de um chacal pode ter nascido da observação do comportamento dos animais selvagens, rondando os cemitérios, retirando e desmembrando os corpos das sepulturas construídas com pouca profundidade. Do mesmo modo, os egípcios acreditavam que, caso um corpo não fosse devidamente preparado e mumificado conforme as indicações usuais, este seria devorado pelo deus com cabeça de chacal.
    Por isso mesmo, a Anúbis é creditada a invenção do embalsamamento, o que o tornou associado à mumificação. Os adeptos da antiga religião egípcia acreditavam que Anúbis presidia as seções de mumificação, por ser o guardião de tais técnicas. Outra de suas funções era a de ser o guardião das tumbas, bem como ser o juiz dos mortos e o condutor das almas ao pós-vida.
    Dentro da mitologia egípcia, Anúbis era o filho de Néftis, a deusa dos desertos com o deus Osíris. Sua filha era Kebechet. O deus-chacal teria sido responsável por embalsamar o corpo de Osíris, sendo um dos 42 juízes (número correspondente às províncias do Egito Antigo) que compunha o tribunal responsável pelo julgamento do recém-morto. Anúbis seria o responsável por conduzir os falecidos à presença de Osíris e presidia a cerimônia da "pesagem do coração", que decidiria o destino da alma de seu dono.
    São raras as ocasiões em que aparece representado sob a forma totalmente humana, tal como se vê, por exemplo, na capela do templo de Ramsés II em Abidos. A cor de sua face é invariavelmente negra, o que se especula ser uma referência à cor do cadáver em meio ao processo de mumificação. Seu culto está patente nas necrópoles, nas quais estão registrados preces e hinos que evocam sua proteção, além das paredes das mastabas mais antigas. Os principais centros de culto de Anúbis no Egito foram a décima sétima província, em especial sua capital Cinópolis, além de Licópolis (atual Asyut).

Toth - sabedoria, conhecimento, representante da Lua



Toth - sabedoria, conhecimento, representante da Lua 
  • Os antigos egípcios tinham a mais elevada veneração por Thoth, que para eles er
  • a o Deus criador desde que trouxera para a Terra o uso da escrita hieroglífica, da alquimia, da matemática, da arquitetura, da medicina, da magia, da alquimia, enfim a base de todas as ciências que levaram os egípcios a um altíssimo nível de conhecimento. Segundo Platão foi Hermes (Thoth) o pai da geometria, revelador do uso dos números, da geometria, astronomia e as letras. Deixou mais de dois mil livros escritos, quase todos destruídos quando do incêndio da Biblioteca de Alexandria.  
  • Thoth compreendia todos os mistérios da mente humana, pelo que há no “Livro dos Mortos” do Egito ele representa o advogado da humanidade. Em muitas pinturas é representado Anúbis ao lado da balança na qual era pesada a alma do morto ante o tribunal do julgamento, onde ele aparece diante da balança na qual era pesado o coração do morto. De um lado, num dos pratos da balança, era posto uma pena simbolizando a verdade, e do outro lado o Ab simbolizando o coração do morto.Cabia a Thoth examinar a mente e determinar a dignidade do morto. No grande tribunal está Thoth de pé diante da balança do julgamento dos homens penetrando na mente para julgar os sentimentos e propósitos. O escriba que nas gravuras está representado na presença de Osíris diante do julgamento das almas. Egípcios antigos acreditavam que antes do morto entrar no Além, primeiramente o coração dele deveria ser pesado na presença de Osíris. No mínimo o coração do morto deveria ter o peso de uma pena. O escriba Thoth anotava criteriosamente o resultado de cada julgamento, assinalando se aquele que estava sendo pesado havia ou não se conduzido bem, se tivera uma vida digna e honrada. Por isto os egípcios diziam que Thot era o escriba confidencial do deus Osíris, o secretário de todos os deuses e fora ele quem trouxera para a Terra, entre inúmeras outras coisas, a música, assim como a instituição de um calendário anual constante de 365 dias, semelhante ao que somente muito depois foi oficializado e é utilizado na atualidade.
  • No mito simbólico da morte de Osíris, diz a Tradição egípcia que Thoth ensinou à deusa Ísis a conjurar encantos contribuindo assim decisivamente para que aquela deusa pudesse reconstituir totalmente o corpo do seu irmão Osíris que havia sido desfeito em pedacinhos. Por isto, segundo consta, toda a magia egípcia fora ensinada por Thoth.
  • Os egípcios se referiam a Thoth como sendo a mente e a língua de RA. Também representava a mente e a palavra falada de RA. A palavra constituía o poder com que RA objetivava suas idéias.
  • No Egito existiu uma casta de sacerdotes seguidores de Thoth, constituída pelos maiores conhecedores das ciências da época, especialmente da aritmética. Aqueles sacerdotes afirmavam que toda inspiração que tinham provinha de Thoth.
  • Para muitos estudiosos tudo o que existe registrado a respeito daquela figura enigmática é meramente lendário, sendo a sua história nada mais que mitos. Quando muito são referências ao principal escriba que apenas transcreveu os conhecimentos existentes em sua época. Mas, igualmente outros estudiosos da História Antiga do Egito, o consideram pelos feitos assinalados se tratar de um ser dotado de poderes divinos. Podemos afirmar que esta é a verdadeira natureza de Thoth,tratava-se de um ser que compreendia todos os mistérios da mente humana, pelo que no está representado no “O Livro dos Mortos” como o advogado da humanidade.
  • Seria Thoth descrito nos papiros antigos o mesmo que os gregos chamaram de Hermes? Há muitos indícios de que se tratam de seres distintos. Muitas vezes, os próprios gregos referiram-se a Hermes Trismegisto como não nascido de mulher, conseqüentemente que ele não tivera um corpo físico biológico e sim um corpo aparente com o qual se apresentava diante dos homens. Mas, por outro lado, a própria mitologia grega fala do nascimento de Hermes, como um dos integrantes do Olimpo, filho de Zeus e Maia e que nascera em uma caverna onde fora deixado por sua mãe.  Assim sendo, já podemos ver que os escritos gregos dão margem a se entender a existência de duas figuras distintas. Uma aquela do filho de Zeus e Maia chamada de Hermes e a outra um ser não nascido de mulher. Este corresponde precisamente ao que dizem os egípcios a respeito de Thoth. Enquanto a Mitologia grega atribui uma mãe a Hermes os documentos do Antigo Egito dizem que Thoth não foi nascido de mulher, que por isto era considerado um ser divino. Isto permite suspeitar de que o Hermes grego não é aquele referido no Antigo Egito com o nome de Thoth. O que houve foi que os gregos viram semelhança entre os feitos atribuídos a Hermes com os atribuídos pelos egípcios a Thot, e por esta razão erroneamente os associaram como uma mesma pessoa Hermes Trismegisto. Na verdade a quase totalidade dos ensinamentos assinalados como pertencentes a Hermes Trismegisto dizem respeito a Thoth, deus egípcios, e não ao deus Hermes da mitologia grega.
  • Não é somente a Hermes que Thoth tem sido comparado. Na realidade o Hermes a que se refere o Hermetismo tem sido comparado com importantes figuras de diversas culturas. Assim o feitos de Thoth são atribuídos a diversos nomes sagrados de diferentes culturas. Na civilização egípcia era Thoth; na grega era Hermes; na romana, Mercúrio; na maia, Quetazcoatl; na AtlanteChiquitet, ou Khan (Ken). Os Sumérios e outros povos da Mesopotâmia adoravam deidades lunares virtualmente idênticas a Thoth. A Lua Deus, da Suméria, denominado Sin, tal como Thoth era aquele encarregado de medir a passagem de tempo.
  •  Thoth é apresentado nos desenhos do Antigo Egito como a figura de Íbis, um pássaro grande integrante da fauna do Nilo.  
  • Os Egípcios associavam o bico encurvado e longo da íbis com a Lua e por sua vez a íbis era, segundo a crendice popular, considerado um dos representantes terrestres de Thoth. Segundo a antiga Tradição egípcia, Thoth era o deus da Lua, o deus de sabedoria, o medidor do tempo, e o inventor do sistema de escrita, criador dos hieróglifos e do sistema de numeração. Em outros registros ele era apresentado tendo sobre a cabeça uma gravura simbólica composta pelo disco do Sol e o crescente da Lua.
  • Nas inscrições egípcias e nas lendas consta que o conhecimento de Thoth era imenso e que chegou a ter a capacidade de calcular e medir os céus, e até mesmo teria sido Ele Quem o planejou. Como já mencionamos antes, creditou-se-lhe o papel de criador inventor da astronomia, da astrologia, da botânica, da geometria e agrimensura e de um avançadíssimo sistema de trabalhar a pedra o que permitiu a construção dos grandes monumentos egípcios entre os quais a Grande Pirâmide de Gisé.  
  • Existem muitas versões para o nome de Thoth. Em hieróglifo o seu nome é Tehuti cujo significado literal é: “Ele Quem Equilibra”. Outras vezes é mencionado como Khufu, nome que os gregos traduziam por Cheops. De acordo com o historiador do terceiro século, ManethoKhufu era um ser de uma estirpe diferente das pessoas comuns. Há textos antigos que dizem haver sido Cheops / Khufu quem escreveu o Livro Gênesis que posteriormente foi compilado de forma modificada pelos hebreus passando então a integrar o Pentateuco do Antigo Testamento.
  • Em decorrência da ligação da cultura ocidental com a civilização grega a imagem de Thoth chegou até a atualidade como sendo Hermes acrescido do termoTrismegisto, que significa três vezes grande, ou, três vezes sublime. Era tríplice em três sentidos religioso, cientifico e artístico. Religião, ciência e arte formam nele um triângulo eqüilátero. Mas segundo o Hermetismo, o termo “Trismegistus” tem um outro significado. A Thoth é conferido o nome “Trismegistus” por haver sido Grande Mestre de três civilizações, na  Lemuriana, na Atlanta e na Ariana.
  • O Texto Hermético chamado o Kore Kosmu, escrito em Alexandria no Antigo Egito, cita Thoth como “O Todo Astuto”, desde que ele entendia de todas as coisas.
  • Os ensinamentos de Thoth, em parte foi gravado em pedra, especialmente aquilo preservado para o futuro, principalmente os símbolos sagrados dos elementos cósmicos. Diz a Tradição Antiga que Ele entendia de todos os “mistérios dos céus”, parte dos quais deixou inscrito em livros sagrados que foram mantidos ocultos, a não ser para os Grandes Iniciados e Veneráveis Herméticos. Tais escritos deveriam ser progressivamente conhecidos pelas gerações futuras na medida em que o desenvolvimento espiritual o permitisse. Até então somente aqueles que fossem merecedores poderiam ter acesso. Estes livros sagrados são freqüentemente chamados de “Os 42 Livros de Instruções” ou 
  • “Os 42 Livros de Thot” que trazem os mais elevados conhecimentos esotéricos, místicos e metafísicos e sobre os quais se baseia a Gnosis Egípcia. Neles está registrado um imenso cabedal de instruções capazes de conduzir o ser humano à libertação do ciclo de reencarnações e a tomar ciência da Unificação Cósmica. Consta neles os meios da pessoa chegar à imortalidade constituindo-se isto a base da Alquimia Hermética. Apenas uma pequena parte desse trabalho de Hermes foi encontrada até a presente data, mas dizem que grande parte dos escritos sagrados está guardada nas pirâmides. A Ordem Hermética afirma que parte desse conhecimento já foi encontrada dentro do “Corredor de Registros” embaixo da Esfinge no Egito e dos quais  derivou a Alquimia.
  • Em contraposição à afirmação ao que dizem muitos egiptólogos que não existe indícios de um citado “Templo da Esfinge” os Veneráveis Herméticos afirmam o inverso. Conseqüentemente para uns não passam de lendas tudo o que é dito a respeito do “Templo da Esfinge”, enquanto para outros são verdadeiras as imagens sagradas esculpidas ao longo das passagens das paredes de pedra do Templo da Esfinge. Trata-se de um corredor que conduz para uma câmara divina, contudo as “chaves” para a decifração das mensagens somente no momento preciso serão reveladas para a humanidade. Na verdade atualmente já estão sendo liberados ensinamentos que dizem respeito a mais alguns Princípios, além dos Sete Pricípios Herméticos clássicos.
  • Nos escritos de Thot há descrição sobre todas as raças que já viveram na terra, com referências sobre onde toda a vida começou. Parte disto consta em documentos conhecidos pelo título de “Textos de Pirâmide” onde uma união com a íbis Thot acontece na área pantanosa do Delta. Os “Textos de Pirâmide” se constitui de uma coletânea de orações mortuárias egípcias, hinos, e feitiços destinados a protegerem um rei ou rainha após a morte para lhes assegurar vida e alimento no futuro.
  • Os textos sobre os ensinamentos de Thoth têm várias origens, alguns oficialmente aceitos pela arqueologia oficial e outros apenas pelos “iniciados”, pois a fonte destes conhecimentos são reservados aos membros da V:.O:.H:. Em parte os conhecimentos não oficiais já foram divulgados em algumas obras reservadas, entre elas A “Tabua das Esmeraldas” e o “Livro Sagrado de Thot” e mais conhecidas o “Corpus Hermeticum” e “Pistis Sophia”.
  • Alguns textos herméticos foram inscritos nas paredes das câmaras internas da pirâmide de Saqqarah da 5ª e 6º dinastia no período compreendido entre 2686 a.C. e 2160 a.C. Aqueles escritos são os mais antigos escritos funerários de conhecimento público. Consta neles que Thoth tivera uma esposa de nome de Ma'at, que significa “Verdade", “Justiça”, mas não se sabe se isso tem sentido simbólico ou não. O que se sabe é que Ma´at, “verdade”, era representada como uma mulher alta com uma pena de avestruz no cabelo e que estava presente no julgamento do morto. Era exatamente aquela pena que era pesada contra o coração do morto.

Rá - Sol (principal deus da religião egípcia)


Rá - Sol (principal deus da religião egípcia) 

mitologia egípcia é composta por mistérios e segredos. Cada divindade contém seus significados e são relacionados a fenômenos da natureza. Dentro dessa mitologia, tem-se a ciência de  que é considerado a principal divindade da mitologia egípcia, conhecido como o deus sol, devido a importância da luz para a produção dos alimentos. Segundo a mitologia, Rá além de ser considerado o deus Sol, é também denominado como o criador dos deuses e da ordem divina, teria recebido de seu pai o domínio sobre a Terra, mas o mundo falta ser acabado, e o mesmo assim, se encarregou de acabá-lo.
Sua crença assemelha-se a criação do mundo para os cristãos, no entanto, contém algumas diferenças. Descreve-se que Rá se esforçou tanto terminar o trabalho da criação que chorou, e de suas lágrimas que foram banhando o solo fez surgir o homem e a mulher, sendo assim, tudo o que crescia sobre os campos lhes foi dado para que se alimentassem, Rá não deixava faltar-lhes o vento fresco, nem o calor do sol, as enchentes ou vazantes do Nilo. Com isso, surge a denominação de que os egípcios eram “o rebanho de Rá”.
A sede do culto do deus nacional do Egito, do maior de todos os deuses ficava em Heliópolis (mais antigo centro comercial do Baixo Egito). Mas, com o passar do tempo as crenças religiosas foram sofrendo modificações e/ou foram se adaptando, sendo introduzidas através de classes cultas. Os sacerdotes de Heliópolis atribuíram o culto de Rá (o sol, criador de todos os deuses, cuja barca sagrada navegava através do céu) os faraós de Tebas, querendo livrar-se da hegemonia do deus criado pelos sacerdotes, adotaram Amon como deus supremo. Daí surge uma combinação entre os dois deuses que ficou denominada como Amon-Rá, protetor dos faraós.
Tendo sido abalado o seu prestígio somente durante o domínio de Amenófis IV, que tentou substituí-lo pelo culto de Áton, o disco solar. Depois Amon-Rá recuperou sua posição de deus supremo. Cabe ressaltar que, Amenófis IV pretendia acabar com as práticas politeístas da religião egípcia, restringindo assim, o poder do faraó.
A junção de Amon-Rá traz o significado de culto ao sol (Amon = culto, e, Rá = sol). Dentre as crenças egípcias, o culto ao deus Sol se sobressaiu, pois teve durabilidade de vinte séculos como culto oficial durante a monarquia faraônica.
O deus Sol era entendido em quatro fases: a primeira ao nascer do sol, recebendo o nome de Khepri (ou Kopri); a segunda ao meio-dia, sendo contemplado como um pássaro ou um barco a navegar; a terceira ao pôr-do-sol, visto como um homem velho que descia à terra dos mortos; na quarta fase, durante a noite, era visto como um barco que navegava ao leste preparando-se para o dia seguinte, onde tinha de lutar ou fugir de Apep (de acordo com alguns teóricos, denominado também como Apópis), a grande serpente do mundo inferior que tentava devorá-lo.